sábado, 2 de janeiro de 2010

Ano Novo, vida nova?


Cinco, quatro, três, dois, um... FELIZ ANO NOVO!
Todos se abraçavam e se beijavam desejando um feliz ano novo, cheio de amor, paz e dinheiro, às vezes incluíam saúde. Alguns iam soltar os fogos que havia ali para colorir o céu escuro. Outros bebiam mais do que já haviam bebido e faziam graça em frente à câmera de um homem que tirava fotos marcando aquele ano que começava e diziam adeus aquela que ia embora. Eu olhava todos de longe encostada no batente da porta. Às vezes eu ria dos bêbados que faziam graça, mais nada fazia meu sorriso durar por muito tempo. Todos sorriam olhando a queima de fogos e eu sentia uma lágrima cair sobre meu rosto. Logo as limpei enquanto vinha alguém me cumprimentar, me abraçou me desejando "Feliz ano novo"; sorri o sorriso mais verdadeiro que pude e por um momento agradeci por fazer artes cênicas, soube fingir muito bem. Um ano novo começava e para mim nada mudava, eu ainda continuava morando sozinha, trabalhando no supermercado da esquina e tentando algum dia ser atriz, sem muitos sucessos. Sem nenhum praticamente. Entrei na casa de meu amigo que me convidara e se não fosse por ele, eu estaria em meu minúsculo apartamento vendo a virada do ano na Globo. Peguei mais um copo de champagne e fui para os fundos da casa, ali eu não iria precisar por minhas aulas em pratica. Olhei em volta e tirei minhas sandálias de salto agulha que eu tanto odiava mais eu tinha para ocasiões como esta. Sentei na beirada da piscina e coloquei meus pés dentro d'água e por pouco entrei por completa. Fiquei imaginando como seria esse novo ano e eu não conseguia ver mudança alguma, nenhuma esperança, nenhuma luz no meu caminho. Olhei para o céu e fiquei olhando os fogos e imaginado se ela estivesse ao meu lado... Não faria diferença, faria? Ela não me amava mesmo. Cheguei em casa cansada da faculdade esperando ter ela em meus braços e a única coisa que encontrei foi um bilhete, “Não dá mais, me perdoe. Eu te amo, mais preciso te esquecer, faça o mesmo". Limpei as lágrimas que insistiam em cair e respirei fundo, eu precisava superar. Ainda olhando os fogos que não cessavam, ouvi uma voz doce e calma, "Você está bem?"; olhei para frente e vi uma garota sentada do mesmo jeito que eu. Estava com a barra da calça jeans dobrada, com os cabelos trançados e segurava uma taça vazia; quando viu que a olhei sorriu e eu senti minha respiração desaparecer. Quando ela voltou, sorri para ela e voltei a olhar os fogos, mas eu sentia seu olhar em mim.

- Nunca vi pessoas chorando no Ano Novo, quer dizer, elas choram de felicidade, mais seu choro, parece ser de tristeza!
A olhei novamente e suspirei, tomei mais um gole de meu champagne e sorri para ela.
- Como sabe que é de tristeza?
Ela riu.
- Boa pergunta, mais não sei responder!
- Que pena!
Olhei para a água e fiquei olhando meus pés e a vontade de entrar era imensa.
- Entra! - ela riu
- Como?
- Sei que tá querendo entrar, eu também estou, só espero a iniciativa de alguém!
- Precisa de alguém para fazer o que quer?
- Geralmente não, mais eu sempre me dei mal com essa atitude - ela levantou a taça vazia - Ano novo, vida nova e isso inclui mudar algumas atitudes.
- Quem é você?

Ela ficou me olhando por um momento, talvez pensando se devia responder, sorriu e se levantou e sumiu no corredor. Dei uma risada baixa e continuei olhando para a água.
Perdida em pensamentos pensei em ir atrás dela, mais ouvi um grito e vi caindo na piscina. Fiquei olhando esperando ela voltar para cima e quando voltou me olhou e deu risada.

- Uma despedida!
- Você é bem doidinha!
- Obrigada, isso é elogio pra mim! - sorrindo
- Vai me dizer quem é você?
- Porque não descobre?

Quando eu ia responder, senti ela me puxando para baixo d'água, não tinha percebido que havia chegado tão perto de mim. E então vi uma pequena luz no meu caminho, uma pequena esperança de que meu ano novo seria uma nova vida.

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