segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O sorriso inocente! part. 2


Depois de dois meses, eu havia a esquecido completamente, não sofria mais pensando em seu paradeiro, quando eu pensava nela, eu não ficava mais aflita. Naquela semana, eu andava na rua para me distrair, quando vi uma garota vindo em minha direção, ela parou na minha frente e ficou me olhando, tentei passar, mas ela não deixou; comecei a dizer que ela era louca e que saísse da minha frente, mas ela não me obedecia, apenas ficava me olhando. Suspirei e voltei por onde tinha vindo e ela puxou meu braço, eu a olhei e a chamei de maluca, ela me soltou e disse; “Como você pode fazer isso com ela? Como pode abandoná-la? Ela acreditou em você, ela te amou o pouco tempo que ficaram juntas e você a abandonou, esqueceu dela, nem sequer pensa nela e quando pensa, não está nem ai se ela está bem ou se morreu você é um monstro”. Ouvir aquilo acabou comigo, me fez lembrar tudo, me fez odiar a mim mesma; como eu conseguir fazer isso com uma criança? Como eu consegui abandoná-la? Eu sou um monstro, essa mulher estava certa. Desesperada, comecei a chorar, sentei no chão e coloquei minhas mãos sobre meu rosto e deixei as lagrimas caírem, comecei a tirar toda dor que havia dentro de mim, mas parecia que quanto mais eu chorava, mais a dor aumentava. Aquela mulher misteriosa sentou do meu lado e me abraçou me apertou forte e eu chorei mais. Ela começou a me dizer que tudo ficaria bem, que ela me ajudaria encontrar ela novamente; eu a olhei e senti uma coisa totalmente estranha, uma confiança enorme passou por mim, me senti segura, me senti forte, senti que poderia encontrá-la, me senti feliz e completa e sabia que aquela mulher, também mudaria minha vida.
Depois de um tempo chorando, me levantei com sua ajuda e logo perguntei como se chamava; ela sorriu e beijou meu rosto, disse que logo eu saberia, apertou minha mão e logo saiu sem dizer mais nada. Fiquei sem reação e a deixei ir, sem saber quem era, sem saber onde morava, fiquei ali parada a olhando sumir com varias coisas passando em minha cabeça. Fui para casa logo depois, tentar entender tudo o que havia acontecido e deitada em minha cama, eu não conseguia entender nada. O rosto dela me acusando aparecia na minha cabeça todo momento, seu abraço quente me fazia falta, a sensação que senti nos seus braços me fazia sorrir, me fazia querer ela naquele momento.
Quando dois dias se passaram, eu já estava a ponto de ficar maluca, não tinha mais noticias dela e nem da criança, eu ia atrás de abrigos ou orfanatos para saber se alguém tinha a encontrado, mas ela não estava em lugar algum; eu ficava horas naquele lugar onde encontrei a mulher e ela nunca aparecia, eu estava desesperada, precisava encontrar a criança, eu precisava encontrar aquela mulher, eu precisava dela, ela me dava forças, me fazia sentir força, me dava segurança. Mais dois dias se passaram e eu estava trancada em meu quarto pensando em como encontrar as duas. Eu não saia mais, não queria saber de mais nada alem delas; quando o telefone tocava e eu tinha esperanças que seria a mulher, quando chegava alguém em casa, eu corria para atender torcendo para ser ela, mas ela havia sumido. No meu quarto eu ouvi alguém tocar a campainha, desanimada eu nem liguei, mas logo ouvi minha mãe me chamando; levantei e sai correndo e quando vi ela parada na porta me esperando, um sorriso enorme brotou em meu rosto, meu coração acelerou, minha respiração ficou fraca, eu ganhei forças só de olhá-la de longe. Desci as escadas correndo e chegando perto dela a abracei forte quase a derrubando, ela me apertou forte e começou a rir, ela me olhou e sorriu e aquela sensação voltou para mim; a levei para meu quarto e lá conversamos. Ela me disse que logo encontraríamos a criança e que eu finalmente poderia ser feliz como eu mereço, disse que me ajudaria em tudo o que precisasse que sempre estaria do meu lado pra tudo, que nunca me abandonaria. Ouvindo isso fiquei feliz como nunca, um sentimento novo estava nascendo em mim e eu queria explorar mais esse sentimento, queria senti-lo com mais intensidade e nunca, nunca queria perde-lo. Sorrindo que nem uma idiota peguei sua mão com carinho e dei um beijo delicado, ela colocou sua mão em meu rosto e me puxou um pouco mais perto, encostou sua testa na minha e me fez carinho no meu rosto e sorriu. Fechei meus olhos e fui me aproximando de seu rosto de anjo, passei meu dedo no seus lábios macios e então encostei os meus nos seus, dando um selinho delicado; ela me olhou e riu a risada mais magnífica que ouvi na minha vida, e então quando fui beijá-la minha mãe entrou no quarto atrapalhando tudo, ela se levantou e disse que tinha que embora e que logo voltaria; a levei na porta e quando ela estava longe a gritei perguntando seu nome, ela sorriu e gritou para mim “LÚCIA” e então foi embora, e a partir daquele momento, eu sabia que estava me apaixonando.
Todos os dias eu via Lúcia, todos os dias íamos atrás da criança e nada dela, comecei a perder as esperanças, mas Lúcia as recuperava para mim. Em meu quarto, ficávamos horas conversando, rindo e brincando; ela falava tudo sobre ao seu respeito e eu contava todas as minhas historias de vida. Em um momento que ficamos em silêncio, o nosso primeiro encontro me veio na cabeça e tudo o que ela disse ecoava em minha cabeça; olhei para ela e ela me olhou sorrindo. Sorri de volta e a abracei, esqueci de minhas duvidas e fiquei a curtir aquele momento mágico. Lembro de uma vez que estávamos conversando e começamos a pensar em um nome para a criança, nenhum soava perfeito, mas então Lúcia disse “Samantha” e esse nome ficou. Duas semanas se passaram e eu me sentia feliz, me sentia completa ao lado de Lúcia, nunca havia me sentido tão amada, sem ela eu não saberia continuar vivendo. Um dia pensando em uma forma de nunca sair de seu lado, pensei em pedi-la em casamento, mas não sabia se era a coisa certa, só que quando eu a olhava, eu tinha certeza que era a coisa certa a se fazer. Em um sábado, estávamos andando pela praça que havia perto de casa, de mãos dadas conversamos alegremente, rindo e brincando o tempo todo; de vez em quando eu apertava meu bolso onde estava a aliança que eu havia comprado no mesmo dia de manhã. Sentamos em um campo lindo que tinha por ali e ficamos de frente uma pra outra e senti que aquele era o momento. Segurei suas mãos e apertei com carinho, olhei em seus olhos e disse tudo o que eu sentia, “Lúcia, você apareceu em minha vida e fez toda a diferença, não sei como soube da minha existência, não sei como ocorreu tudo isso, mas agradeço a Deus todos os dias por ter colocado você em minha vida, mesmo o modo sendo meio estranho, mas o que importa é que você apareceu e esta aqui comigo e não quero que nunca, nunca me abandone, porque eu sinto que sem você eu não seria nada, eu não saberia viver, eu voltaria ser uma pessoa sem amor, sem caráter, seria uma péssima pessoa novamente, porque você me mudou, mudou completamente e eu agradeço muito por isso e por te amar tanto, te querer tanto, eu não vejo outra maneira de tê-la sempre ao meu lado, eu não vejo outro jeito, o único jeito é... Lúcia, você quer casar comigo?”. Já quase chorando, peguei a aliança em meu bolso e mostrei para ela e fiquei esperando a resposta ansiosa. Ela me olhou e seu sorriso se desmanchou, soltou minha mão e fiquei me olhando com cara de espanto, ou indignada, olhou pra mim séria e disse “Eu não posso, não posso Nicolle, me desculpa, mas não dá... Eu... não quero’’. E ela levantou e saiu correndo, me deixando ali sem entender nada, deixando meu mundo desabar.

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