quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Entre campos e mentiras*


Ah como eu odiava futebol! Para mim era uma coisa sem significado, sem sentido, sem necessidade; era apenas homens que corriam atrás de uma bola e às vezes, isso soava muito gay; mas alguém me fez mudar. Um dia, para agradar alguns amigos, fui a um jogo feminino que teve em minha cidade. Campo lotado, gritaria era o que se ouvia; pessoas xingando o time adversário, era como eu imaginei, tudo sem sentido algum. Me sentei e logo os dois times entraram e de repente, começou a ter sentido estar ali. O jogo começou e a gritaria aumentou e o sentido de estar ali me animava mais ainda; quando dei por mim já estava gritando “GOOL”. O jogo acabou e sai querendo ver mais, gritar mais, torcer e ver o meu “sentido” novamente. Uma semana se passou e nada de jogos em minha cidade, eu estava ficando desesperada, precisava ver algum jogo, precisava ver o meu “sentido”. De folga do trabalho, fui atrás do meu “sentido” e a encontrei. Que sorriso, que olhos, que corpo! Aquela mulher me deixava doida! Com um pouco de receio, cheguei perto daquela mulher; e quando me olhou, ah meu Deus, que olhar hipnotizante. Em dois minutos de conversa eu já estava totalmente entrega a ela, ao seu sorriso, sua voz, seu jeito de falar. Merda de horário! Infelizmente eu tinha que ir embora, será que o tempo não poderia ser bonzinho e parar apenas por algumas horas?!
Mas para minha surpresa, ela quis sair comigo e com medo de ser muito “fácil”, falei que não... Sim, eu sou burra! Para minha surpresa novamente, ela insistiu e eu me esqueci de tudo e aceitei. Dois dias depois, me deparei com todas as roupas do meu guarda-roupa em cima de minha cama; eu estava super ansiosa com aquele encontro, por dois motivos. 1º Eu nunca sai com uma mulher, 2º ELA ERA LINDA DEMAIS. Apressei-me e me arrumei, cheguei e lá estava ela; perfeita e perfeita, aqueles olhos maravilhosos, aquele corpo que me seduzia, aquela boca que me chamava, àquelas mãos que me acariciavam, aquele sorriso que me desnorteava.
Acordei e era 10 da manha! Olhei para o lado e vi meu “sentido” deitada em minha cama. Sorri como uma boba. Levantei e tratei de preparar um café na cama; comemos e conversamos como um casal, nos beijamos e beijamos, era tudo perfeito, mas logo teve que sair e foi ai que percebi que estava apaixonada.
Um mês se passou e nos já namorávamos, era um amor que me fazia tão bem, me completava, ver os jogos era minha paixão, eu já sabia até jogar!
Já ouviram dizer que a inveja mata? Pois Mata mesmo! Ela apareceu em casa chorando e gritando, dizendo que não esperava “isso” de mim e eu não entendia nada, ela nem quis se explicar, apenas jogou um envelope no chão e saiu correndo dizendo que tudo estava acabado; ela voltou e pensei que diria que era apenas brincadeira, mas só voltou para jogar a aliança em minha cara. Não liguei pra nada, apenas chorei, havia perdido o meu amor por uma coisa que eu nem sabia o que era; fiquei horas pensando no que podia ter acontecido e eu só chorava deitada no chão da sala. Levantei e fui atrás daquele envelope e quando abri não acreditei; era uma foto de mim beijando um homem; e fiquei surpresa com tão perfeita que era a foto, mas só eu sabia o quão ela era falsa!
Peguei sua aliança e sai correndo atrás para explicar tudo, mas perdi muito tempo chorando; quando cheguei onde treinava, não estava mais, tinha um jogo em outra cidade.
Eu não sabia o que fazer, pensei em esperá-la, mas e se arrumasse outra? Eu nem podia pensar nisso.
Tomei minha decisão e sai correndo para a rodoviária e não tinha mais passagens e o meu desespero só aumentava.
Corri de volta para casa e peguei meu carro e fui direto para a cidade vizinha, onde teria o jogo; quando cheguei o jogo já estava na metade, mas nada, nada iria me impedir de ter o meu “sentido” novamente. Fugindo dos seguranças entrei no campo e o jogo parou, todos me olhavam e o telão estava me mostrando; parei de correr e procurei por meu amor e não a encontrei, meu desespero aumentava! Procurei mais uma vez e a vi de longe me olhando com cara de espanto; corri até ela e apenas falei “Eu te amo, eu te amo, não acredite nessas pessoas maldosas, elas só querem o nosso mal, eu nunca, nunca faria isso contigo, volta pra mim, não sei viver sem você, não sei viver sem o meu “sentido”, você é tudo que tenho”. Chorando, ela me beijou e todos aplaudiram de pé. Hoje eu ainda estou com ela, indo aos seus jogos e torcendo por ela e hoje eu amo futebol, eu achei um “sentido” para amar e ninguém vai tirar esse amor de mim, perdendo ou não, ela será minha.

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